Quais são os obstáculos mais comuns da luta diária das roqueiras brasileiras?

por Catharina Gaidzinski

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Rita Lee e Os Mutantes. Foto: Reprodução.

No Brasil, os preconceitos dentro da cena musical contra as mulheres são gritantes e prevalecem até hoje. De acordo com a autora do documentário “Mulheres no Metal” (2013), Gracielle Fonseca, a presença da mulher brasileira nesse subgênero do rock sempre foi menor do que deveria, por várias razões. Dentre elas, a própria família. “O controle familiar dentro da sociedade machista e patriarcal foi um fator decisivo para inibir, ao menos parcialmente, a presença das meninas nos shows e nos locais frequentados por apreciadores de Rock pesado”, diz. “Tenho 28 anos e meu pai só me deixou ir ao primeiro show de metal com 17 anos, em 2002, pleno século XXI. Imagine então como era complicado frequentar locais do rock pesado nos anos 70 e 80”.

Banda Flammea. Foto: Reprodução.

Uma das entrevistadas do documentário, Ana Lima, da banda Flammea, comenta sobre o machismo da cena hardcore em São Paulo: “A mulher que curte metal sofre com machismo. Tem alguns caras que não aceitam, que acham que ela tá ali no palco pra se exibir”. Rosana, também da banda Flammea, expõe: “Se você expressar a sua feminilidade demais, você está querendo dar em cima de todo mundo. Porque são poucas mulheres no meio, pelo menos eram muito poucas no meio. E fora que você tinha que estudar muito mais. […] Para você se enturmar, tinha que estar por dentro de tudo, dos últimos shows, dos últimos lançamentos, da ordem das músicas no LP. […] Era um desafio”.

“A mulher que curte metal sofre com machismo”.

A fala de Rosana explicita o quanto a mulher precisa se dedicar mais do que o homem para receber o mínimo de reconhecimento. As mulheres, sejam elas do rock, do esporte, do mundo geek ou qualquer outra cena predominantemente masculina, são sempre indagadas sobre os seus conhecimentos acerca dos assuntos em questão e precisam lutar para serem levadas a sério. “Eu achei que não acontecia com mais ninguém, e depois eu descobri que acontecia com todo mundo, que é: você usar camiseta de banda, e o macho vir perguntar quantas músicas você conhece da banda. Tipo, ‘Cite 3 músicas’. Então, isso é um puta de um preconceito”, conta Adrienne Reyes, cantora, designer de música e especialista em rock.

Deb And The Mentals. Foto: Reprodução.

“Quando você fala que gosta de rock, você é muito questionada por homens se você conhece mesmo a banda, se conhece o nome do disco tal, se você realmente escuta, se você tem conhecimento do que tá falando. Então, eu já fui bem questionada. E eu me sentia numa prova, muitas vezes. Tipo: ‘Ah, mas você gosta dessa banda? Então fala aí o nome da música e do disco. Será mesmo que você escuta rock?’ e até hoje acontece a mesma coisa”, explica Deb Babilônia, frontwoman da banda paulista Deb And The Mentals.

“Quando você fala que gosta de rock, você é muito questionada por homens”.

Esse tipo de dificuldade reflete diretamente na não-profissionalização de mulheres em espaços masculinizados, como o rock. “Essa coisa de separar o que é de menino e o que é de menina limita muito, e acontece que tudo é de menino. Tudo que é profissionalizante e que você pode ganhar dinheiro é de menino. Até a cozinha, que, dentro de uma casa, é obrigação da mulher, da mãe ou da filha, quando é em restaurante, uma coisa profissional, aí já é um chefe homem, sempre tentando colocar aquela mulher numa posição de te servir, e de graça”, explica Priscila Hilário, baterista profissional e professora da Hi Hat Girls, uma oficina de bateria para garotas.

Janis Joplin e Rita Lee. Foto: Reprodução.

A cientista social Tatau Godinho, em entrevista com a Agência Brasil em 2016, destaca que um dos principais obstáculos que as mulheres precisam lutar contra diariamente é a desigualdade no mercado de trabalho: “As mulheres têm mais dificuldade de entrar e de chegar a cargos de chefia, e ganham menos que homens cumprindo a mesma função. O machismo faz com que mulheres sejam discriminadas no acesso aos melhores cargos”. Esses obstáculos profissionais sofridos pelas mulheres também estão extremamente presentes entre os cargos musicais, sejam eles de performance, como canto ou instrumentos, ou de bastidores, como produção, gravação e engenharia de som.

“Quando a gente divulgava a banda, e falava ‘Mallu no baixo’, o pessoal respondia assim: “Mas Mallu? O que que é ‘Mallu’? Sabe, eles não aceitavam que fosse uma mulher tocando Death Metal. Principalmente o pessoal de São Paulo, com quem eu me correspondia muito. Então, tipo assim, só depois que você mandava uma foto da banda que eles acham que ligavam um pouco o nome à pessoa”, conta Mallu Hendrys, da banda Divine Death, sobre a cena do Metal brasileira no começo dos anos 2000.

Júlia Kaffka, baixista da banda de queercore feminista Bioma, relata sobre a diferença de tratamento entre ela e os colegas de profissão homens: “No nosso primeiro show junto com as Clandestinas, o técnico de som disse que o som do meu instrumento estava baixo, porque eu não estava palhetando com força. Sendo que falta de força não foi o problema, já que eu saí com os dedos ralados”.

Banda Bioma. Foto: Reprodução.

De acordo com Louise Boeger, vocalista da banda Matamoros, em entrevista ao Correio Braziliense em 2017, durante muito tempo, o rock ficou estigmatizado como algo ligado à figura masculina: “Muito por conta do estereótipo de rebeldia, que sempre foi mais associado ao homem. Isso se refletiu na falta de mulheres nas bandas predominantes do estilo musical no mainstream. No Brasil, os principais nomes femininos do gênero ainda são poucos, se comparados com os homens. A gente percebe que 95% das bandas não têm mulher e as que têm, contam, no máximo, com uma ou duas. Não só aqui, mas no mundo. Passei por uma pesquisa árdua para encontrar referências de vocalistas mulheres em bandas de rock no Brasil e não temos muitos nomes. Pesquisei a fundo e, se achei 20 bandas, foi muito”.

Em relação à hipersexualização dessas figuras femininas no palco, Júlia conta em entrevista para o site jornalístico Ponte em 2018: “A sensação que eu tenho é que eles olham pra gente e dizem: ‘Humm, mulheres tocando. Que tesão!’, isso ajuda a evidenciar como a cena do Punk, ainda hoje, fetichiza, objetifica as mulheres e as reduz a estereótipos sexuais de desejos masculinos. “Muitas mulheres foram desistindo da música ao longo da vida. Primeiro, porque, no Brasil, a gente tem um problema estrutural de ser quase impossível viver de música, e aí as pessoas vão para outras áreas, principalmente as mulheres, que sofrem assédio sexual, assédio moral. E aí, que vontade que vai ter de continuar? Não vai”, explica Adrienne.

Taylor Momsen. Foto: Reprodução.

“A aparência é muito ligada. Uma das primeiras coisas que eu escutei quando eu cheguei em São Paulo foi: ‘Bonitinha você é, mas será que canta mesmo?’, e quando eu escutei isso, eu senti que eu tinha que provar que eu cantava, como se fosse uma pressão. Então, eu acho que a presença feminina como artista ainda é bem sexualizada. Eu vejo bandas de meninas que não estão no padrão de beleza, e, muitas vezes, elas ficam um pouco de lado, porque as pessoas acabam preferindo o padrão”, expõe Deb Babilônia. “O patriarcado tem como um de seus elementos centrais o controle da sexualidade feminina”, afirma Heleieth Saffioti, socióloga feminista, em seu livro “Gênero, Patriarcado, Violência”, de 2004. Esse controle da sexualidade das mulheres acontece frequentemente através da sexualização ou objetificação dessas figuras.

“Uma das primeiras coisas que eu escutei quando eu cheguei em São Paulo foi: ‘Bonitinha você é, mas será que canta mesmo?’”

A objetificação da mulher

De acordo com Caroline Heldman, Doutora em Ciências Públicas norte-americana, a objetificação é um termo que foi criado no início da década de 1970 e consiste em analisar um indivíduo a nível de objeto, sem considerar seu estado emocional ou psicológico. No dicionário, a palavra objetificação é definida como “Processo que atribui ao ser humano a natureza de um objeto material, tratando-o como um objeto ou coisa; coisificação”.

Foto: Reprodução.

A objetificação feminina, no entanto, foi um conceito criado pela crítica feminista de cinema Laura Mulvey, em 1975, a partir de uma análise de que as mulheres eram retratadas nas obras somente do ponto de vista masculino, que as objetificava, ao apresentá-las nuas ou erotizadas. Laura também introduziu o conceito de male gaze, que consiste nesta prática viciosa da mídia e das artes de retratar mulheres sempre sob o ponto de vista dos homens, visando o prazer masculino na sociedade patriarcal.

A hipersexualização da mulher, bem como a objetificação — já que são termos que andam lado a lado — têm o objetivo de oferecer prazer ao público masculino heterossexual, mesmo que inconscientemente, tornando as mulheres retratadas em seres desumanizados, submissos e sensualizados. Uma pesquisa realizada em 2013 pelos Institutos Patrícia Galvão e Data Popular mostrou que 84% dos entrevistados concordavam que o corpo da mulher é usado para a venda de produtos nas propagandas de TV e que 58% entendiam que a mulher é representada como objeto sexual nessas campanhas. 56% entrevistados também disseram não ver “a mulher da vida real” nas propagandas de TV. 65% apontou, inclusive, que as propagandas televisivas mostram um padrão de beleza muito distante da realidade da brasileira.

“É no fluxo da cultura de massa que se desfecha o erotismo: não só os filmes, os comics, as revistas, os espetáculos estão cada vez mais apimentados com imagens eróticas, mas quotidianamente pernas levantadas, peitos estofados, cabeleiras escorridas, lábios entreabertos nos convidam a consumir cigarros, dentifrícios, sabões, bebidas gasosas, toda uma gama de mercadorias cuja finalidade não é, propriamente falando, erótica”, afirma Edgar Morin em seu livro “Cultura de Massa no Século XX — O Espírito do Tempo”, publicado em 2007.

Foto: Reprodução.

Um outro estudo de 2013, dessa vez realizado pela norte-americana Caroline Heldman, intitulado de The Sexy Lie”, mostrou que 96% das imagens relacionadas à objetificação retratam mulheres. De acordo com ela, a mídia vende uma dicotomia machista, através de uma mulher-objeto, passiva, e um homem-sujeito, ativo. Para ela, “a objetificação sexual é o processo de representar ou tratar uma pessoa como objeto sexual, um que serve somente para dar prazer sexual ao outro”.

A objetificação está presente nas situações mais comuns do cotidiano, como em filmes, revistas, videogames e na publicidade. Um exemplo que nos ajuda a visualizar a objetificação feminina são as propagandas de cerveja, que estereotipam mulheres e as reduzem a somente “corpos bonitos”. Segundo Cleodete Mendes da Silva e Cristina Batista Araújo, autoras do livro “A Mulher nas Propagandas de Cerveja”: “As marcas de cerveja reforçam a ideia de que a mulher se coloca no espaço masculino para servi-lo. No geral, os homens em seus grupos de amigos são os protagonistas das propagandas, e a mulher, no geral, magra, com corpo bem definido, belas curvas, seios grandes, olhar fascinante, aparece para seduzir e servir aos desejos do homem”. A hipersexualização do corpo feminino possui várias consequências negativas, tal como a cultura do estupro, a estereotipação da mulher como ser feito com o único propósito de copular e servir para o prazer masculino e o estabelecimento de padrões de beleza inalcançáveis.

Foto: Reprodução.

Savannah Shaub, uma das entrevistadas do artigo Let’s Talk About Sexualization, do site The Chronicle, expõe: “Eu acho que os desejos sexuais dos homens são a principal razão para as inseguranças das mulheres, e isso é especialmente porque os homens têm todas essas necessidades para com a aparência física das mulheres. Tem garotas que crescem com essa doutrinação de precisar se adequar a esse padrão de beleza. E então eles dizem às filhas e às gerações mais jovens que precisam se adequar a esse padrão de beleza que a mãe teve que se adequar. Portanto, é um ciclo de [as] gerações mais jovens se tornando suas mães e avós, todas [as quais] estavam seguindo ideias que vieram dos homens”.

Foto: Reprodução.

A luta contra a hipersexualização feminina já existe há décadas. Em 1968, surgiu nos EUA o Movimento de Libertação Feminina, que se manifestava contra a redução de figuras femininas a objetos sexuais, muito comum nos concursos de Misses, como já citado anteriormente. “Nos anos 60 e 70, estávamos preocupados com a objetificação sexual e seus danos às meninas e mulheres. Nos anos 80, 90 e hoje, estivemos relativamente quietos quando se trata de debates públicos. Mesmo que nossa cultura de objetificação sexual seja mais amplificada, vemos mais imagens, e 96% delas são mulheres de corpos sexualmente objetificados. Não temos vocabulário para falar sobre isso. Na verdade, acho que os que mais perderam a capacidade de identificar isso foram os jovens”, afirma a doutora.

Caroline criou um teste de sete perguntas para nos ajudar a saber quando uma pessoa está sendo, de fato, objetificada na mídia. Segundo ela, se a resposta for sim para qualquer uma das perguntas, então estaremos olhando para uma imagem sexualmente objetificante:

1. A imagem mostra apenas partes do corpo de uma pessoa sexualizada?

2. A imagem apresenta uma pessoa sexualizada como substituta de um objeto?

3. A imagem mostra uma pessoa sexualizada como substituível?

4. A imagem afirma a ideia de violar a integridade corporal de uma pessoa sexualizada, e essa pessoa não pode consentir?

5. A imagem sugere que a disponibilidade sexual da pessoa é a característica definidora dela?

6. A imagem mostra uma pessoa sexualizada como uma mercadoria, algo que pode ser comprado e vendido?

7. A imagem trata o corpo de uma pessoa sexualizada como uma tela?

Os papéis de gênero no rock

Documentário “Ela é uma Música”. Foto: Reprodução.

Em respeito aos papéis sociais comumente atrelados ao fato de ser mulher, como a maternidade, o documentário português “Ela é uma Música” (2019), com direção de Francisca Marvão, expõe: “É frequente deixarem as bandas, porque é a mulher que cuida do filho. Com os homens não é assim. (…) Ainda que houvesse também relatos de mulheres que, depois de serem mães, conseguiram conjugar a maternidade com a música, porque puderam contar com o apoio dos namorados”.

Em entrevista com o blog União das Mulheres do Underground, Marly Cardoso, ex-vocalista da banda santista No Sense, confessa que sua gravidez não planejada acabou desestabilizando seus planos com a música: “Pra mim foi um grande choque, um momento muito difícil, porque a banda ia muito bem, com várias propostas de shows, inclusive fora do Brasil, propostas de selos, e tivemos que parar tudo. Nem preciso dizer que foi uma gravidez não planejada. Por conta dela tive que dar uma parada em tudo. Inclusive nos estudos, o que acabou comigo! Combinamos que pararíamos por um ano após o nascimento, uma vez que fiz todos os shows agendados, o último foi aos 7/8 meses, só que passado esse ano todos se dispersaram”.

Marly Cardoso e sua filha, Mel. Foto: Reprodução.

Em relação à volta para os shows, Marly confessou: “Eu me vi sozinha por um bom tempo e perdendo minha identidade porque estava só sendo a Marly ‘mãe’. Quando a Mel [sua filha] estava com dois anos, um amigo me indicou pra fazer teste em uma banda que estava começando. Fui fazer e me identifiquei. E assim entrei para o Chesed Geburah, banda esta que me orgulho de ter feito parte. Então, embora eu algumas vezes tenha ouvido dizer que o No Sense ‘parou’ tanto tempo por minha causa, porque engravidei, não é verdade, porque depois de dois anos de dar à luz eu estava tocando de novo.”

Redys, vocalista da banda TxPx Knup, em entrevista com Anna Bella Bernardes em 2017, faz um relato similar: “Quando estava grávida fui convidada a tocar com a minha banda num evento. Tive a minha filha e na data do show ela estava com dois meses. Eu amamentando tinha que levar ela para o evento. Porém, os organizadores me proibiram de entrar com ela, então, como organizar um evento onde não acolhe mães? Seus filhos? Devido a isso o evento foi criado pra mostrar que mulheres, mães punks existem e resistem”.

De fato, a maternidade pode ser um grande empecilho para a carreira musical das mulheres. Jules Altoé, frontwoman da banda paulista The Zasters, expõe que a maior problemática por trás disso se dá pelo fato de que, se um roqueiro homem tiver um filho, isso não o impedirá de continuar fazendo música, enquanto, com as mulheres, acontece exatamente o contrário. “Eu vejo muitas dificuldades na forma de levar as coisas. A mulher tem filho, e aí como que continua uma turnê? Qual a estrutura que uma mulher tem para ter filho e voltar a fazer show? Um homem larga a mulher lá com o filho e continua fazendo. É muito mais barato o custo de ter um homem no casting do que uma mulher. A mulher vai ter que parar um ano para voltar a fazer show. É esperado que a mulher não tenha filho nesse meio, a não ser que a pessoa tenha muita preparação”, expõe.

Banda The Zasters. Foto: Reprodução.

Desse modo, a mulher acaba acumulando funções e precisa escolher qual seu foco principal. “O tanto de mina foda trabalhando por aí, que, além de serem fodas nos seus trabalhos, ainda são chefes de família, cuidam de filho, cuidam de marido, mandam para a escolha, limpam, passam, lavam, fazem a comida e, se elas não fizerem, ninguém faz. Então, a mulher tem a profissão dela e ainda tem um monte de treta para resolver em casa, porque o homem só sabe trabalhar. E a vida não é feita só de trabalho. É lógico que a gente vai trabalhar um monte, tem que ganhar dinheiro e sustentar os filhos. Só que, fora isso, você tem alimentação, saúde, segurança, escola, farmácia, mercado, fazer refeições, lavar a casa, lavar roupa. Tem tudo isso para gerir, e tudo isso gasta tempo. E tudo isso fica para a mulher”, explica Priscila Hilário.

O que acontece, então, é que as mulheres não podem nem se dar ao luxo de terem carreiras musicais, mesmo como passatempo, já que não sobra tempo no dia a dia. “E aí, os homens podem inclusive ter um hobby, podem se dedicar. Tem muito cara que trabalha, sei lá, com administração, e depois vai tocar guitarra, que vai fazer aula de instrumento, porque tem tempo. E aí, por algum acaso, quando sobra um pouquinho de tempo para a mulher, ela precisa dormir. Então, o homem tem até mais direito de ter um hobby”, diz Priscila.

Foto: Reprodução.

É por esses e outros motivos que a mulher roqueira precisa trilhar muito bem o seu caminho enquanto planeja uma gravidez, que, de todo modo, não se trata de um desejo ou consenso entre todas mulheres do meio. Afinal, “a ideia de que toda mulher sonha com a maternidade está muito mais relacionada à cultura que valoriza o papel da mãe do que, de fato, a uma tendência natural e inata, a um instinto. Essa pressão social é apreendida e absorvida tão intensamente pelas mulheres que elas mesmas se tornam as maiores porta-vozes desse discurso da obrigação”, explica Marília Lamas, socióloga política e cultural que aborda muito bem o assunto da maternidade e dos papéis sociais atribuídos à figura da mulher no seu livro “De Menina e De Menino”.

E o feminismo?

Foto: Reprodução.

Simone de Beauvoir (1908–1986), filósofa e escritora francesa, considerada uma das maiores teóricas do feminismo e do existencialismo moderno, contesta o determinismo biológico e os papéis divinos socialmente impostos à mulher para tornar-se mãe. Em 1949, no primeiro volume de seu livro “O Segundo Sexo”, a autora diz que: “Não se nasce mulher, mas torna-se mulher”, já que “o corpo da mulher é um dos elementos essenciais da situação que ela ocupa nesse mundo. Mas não é ele tampouco que basta para a definir”. A autora diz que, enquanto a natureza particular da mulher na sociedade a torna objeto ao invés que sujeito, antes Outro do que Absoluto, o homem torna-se independente das categorizações.

Simone de Beauvoir. Foto: Reprodução.

Afinal, de acordo com Simone, ser homem ou mulher não se dá de forma natural: o homem não precisa se dizer homem ao se apresentar, mas a mulher aprende socialmente que o fato de ser mulher deve vir antes do que qualquer outro atributo ou característica. Assim, os aspectos biológicos da mulher, como a presença de útero ou vagina, não seriam suficientes para classificá-la como inferior, e a fragilização e a submissão do sexo feminino seria algo culturalmente produzido e ensinado. A autora, portanto, descarta as teorias da perspectiva psicanalítica que defendem que a falta de um órgão sexual masculino na mulher a faça menos potente ou capaz, por meio de, por exemplo, falas como a de Freud e Adler, que relacionam os problemas da mulher ao longo da história — como a submissão e a inferioridade — à falta da presença do falo.

Simone de Beauvoir também considera o passado como fato importante para entendermos a submissão feminina ao longo da história: por meio de civilizações primitivas que delegaram à mulher papéis sociais de maternidade, cuidados do lar e manutenção da comunidade, e que, ao mesmo tempo, não levaram importância à figura feminina, uma vez que a espécie humana nunca procurou preservar-se ou manter-se, mas sim elevar-se. Ou seja, o ato de preservar e criar, teria sido, desde o início, menos valorizado do que os atos de sacrifício praticados pelo homem, e isso nos ajudaria a entender o porquê da inutilidade associada à mulher.

Marilyn Monroe. Foto: Reprodução.

No mesmo livro, Simone conta que, através dos contratos sociais do casamento, a mulher foi reduzida ao estado de serva do homem. Desse modo, em sociedades cujas bases são a família e a propriedade privada, a mulher permanece alienada, submissa e confinada, reduzida à sua força motor de criação e manutenção. Nas palavras da autora: “A humanidade é masculina e o homem define a mulher não em si, mas relativamente a ele: ela não é considerada um ser autônomo”.

No segundo volume de seu livro, Simone defende que nas sociedades de hoje em dia, tais papéis socialmente impostos não foram ainda deixados de lado totalmente, mas que a mulher já possui mais liberdade de escolha em relação ao casamento e à reprodução. A gravidez, portanto, se torna algo voluntário e não somente ato de “servidão natural”. De todo modo, sabemos que a gravidez indesejada ou não planejada ainda é uma realidade para as mulheres contemporâneas, e, portanto, as imposições dos papéis de progenitora e cuidadora ainda seriam difundidos, principalmente através de movimentos contra o aborto e o direito de escolha da mulher. A autora defende que o aborto é característica iminente da realidade de todas as mulheres, e, portanto, deve se tornar direito delas.

Margaret Thatcher. Foto: Reprodução.

Simone também expõe que, hoje em dia, a mulher pode até a vir a adquirir alguns direitos de autonomia, mas que, ainda assim, isso frequentemente só acontece após o casamento. Isso porque os contratos sociais do casamento tornam possível que as mulheres saiam de casa e se tornem finalmente livres dos pais, geralmente superprotetores. Similarmente, a maternidade ainda é vista como “vocação natural” da figura feminina, que deve sacrificar suas vontades, anseios e sonhos pela mera expectativa da sociedade para com o seu útero.

Indo de encontro a esses pensamentos, a autora defende a liberdade sexual e materna da mulher, que deve escolher se deve casar e procriar, podendo refutar o determinismo biológico que lhe é imposto. Quando antigamente, a gestação, o parto e amamentação determinavam a ausência das mulheres nos espaços públicos, como a política, e nesse caso, até a música, hoje isso deve vir de uma escolha própria, que, por mais que venha também com a abdicação de algumas atividades, não deve explicar a desigualdade ainda presente entre o sexo masculino e feminino na esfera pública.

Como isso funciona na realidade?

Banda Charlotte Matou Um Cara. Foto: Reprodução.

Por outro lado, enquanto a maternidade e as questões do lar ainda podem servir como empecilhos para a mulher contemporânea na presença musical, a quantidade de mulheres no Rock brasileiro parece estar aumentando, no mínimo, na mídia. Novas bandas surgem a cada dia, inclusive inspiradas pelo movimento Riot Grrrl brasileiro, como é o caso da paulistana Charlotte Matou Um Cara. Em entrevista com o portal AzMina, Déa, vocalista do grupo, conta que, em 2015, fez um post no Facebook chamando garotas para formar uma banda punk, e que logo a Charlotte Matou Um Cara surgiu. “O feminismo vive um momento do grito e é assim que queremos passar nossa mensagem”, afirma Dea. “Parte do feminismo e do empoderamento é justamente entender que a luta de uma é a luta de todas e que somos fortes quando estamos juntas!”, concorda Dori, a baterista.

Charlotte Matou Um Cara. Foto: Reprodução.

As letras compostas por elas trazem à tona discussões válidas e importantes da luta feminista, como a descriminalização do aborto e o machismo no Punk, o que é extremamente necessário para afastar o preconceito da cena. A banda conta na entrevista que, mesmo hoje, ainda ouvem comentários indignantes do público masculino, como “Vocês sabem mesmo tocar” ou “Vocês gritam mesmo, tocam forte, com essas carinhas”.

Adrienne Reyes, que produziu um trabalho de pós-graduação em rock sobre as capas de disco das novas bandas brasileiras de Riot Grrrl, expôs sobre a banda: “Uma coisa que eu falo é dessa capa da Charlotte Matou Um Cara de colocar a chave no meio dos dedos, para andar na rua, como forma de defesa. Trazer para uma capa de disco uma prática que talvez os homens nem saibam que existe. A gente se sente tão insegura andando na rua, não tem segurança pública, não tem a quem recorrer. E não tem outro tipo de defesa, então tem que usar a própria chave de casa para se defender. Então, [as Riot Grrrls] trazem essas pautas tão importantes para esse suporte tão importante que é a capa do disco, que é muito simbólico. Trazem também essa coisa de masturbação feminina, essa coisa da defesa, de sororidade, de vênus e o feminino”.

Capa do álbum “Charlotte Matou Um Cara”. Foto: Reprodução.

Nina, guitarrista da Charlotte Matou Um Cara, confessa: “Até hoje, a gente fez pouquíssimos shows com bandas de caras e quando fizemos, sentimos um enorme desconforto por parte do público e até de alguns músicos. Mas as minas se agilizam, sempre se agilizaram. Recentemente a gente tem visto cada vez mais festivais só com bandas femininas, que trazem também palestras, filmes, discussões, como Hard Grrrls e o Maria Bonita Fest”. Tais festivais e eventos femininos de Rock têm sido um grande precursor para influenciar, encorajar e unir essas mulheres com vontade de criar e tocar rock e “quebrar tudo”. Outros exemplos desses eventos são o LadyFest Brasil, o Festival Rock Feminino e o Girls Rock Camp Brasil, que está funcionando mesmo virtualmente.

O Girls Rock Camp Brasil

Girls Rock Camp Brasil. Foto: Reprodução.

Flávia Biggs é uma socióloga e guitarrista, criadora do Girls Rock Camp Brasil, um acampamento de férias para meninas de 7 a 17 que tem o objetivo de empoderar garotas e romper com estereótipos de gênero na música e na sociedade como um todo. Em entrevista para a Revista Fórum, Flávia explica que o projeto nasceu em 2001, nos Estados Unidos: “A ideia era criar um programa que usasse a educação musical para promover a autoestima e desenvolver habilidades para a vida, um lugar para meninas aprenderem, explorarem e criarem música num ambiente encorajador e inspirador”.

Em 2003, a roqueira entrou em turnê internacional e teve a oportunidade de conhecer a iniciativa de perto. Dois anos depois, ela pode participar do “Rock’n’roll Camp For Girls”, de Portland, como instrutora voluntária. “Ao voltar para o Brasil, queria fazer algo do gênero por aqui, mas dentro das possibilidades na época parecia um passo muito grande. Pensei, então, em um projeto que se assemelhasse à proposta dos Girls Rock Camp, que é empoderar meninas através da música, empoderar no sentido do ‘poder fazer’, ou seja, fortalecimento de autoestima, formação de laços de solidariedade, desenvolvimento de potenciais”, conta.

Foto: Reprodução.

Após participar de diversas oficinas de guitarra para meninas, Flávia fez uma chamada nas redes sociais para todas as mulheres que conhecia que estavam envolvidas com música e feminismo. Pouco tempo depois, ela fez contato com o Girls Rock Camp Alliance, entidade que articula todos os Girls Rock Camps ao redor do mundo e comunicou sua intenção de criar o primeiro Girls Rock Camp da América Latina. “E fomos super apoiadas”, orgulha-se.

A missão da organização comunitária sem fins lucrativos é, segundo a criadora da iniciativa brasileira, promover o empoderamento feminino, a autoestima das garotas, fortalecer laços de solidariedade e estimular o protagonismo infanto-juvenil feminino utilizando a música como principal ferramenta. “O objetivo não é formar bandas nem revelar talentos, mas mostrar que as meninas podem fazer o que elas quiserem, inclusive ter uma banda de rock. Mostrar que elas são iguais aos meninos e não precisam depender deles para nada”, explica Biggs em entrevista ao G1. Na mesma entrevista, Patricia Saltara, outra das organizadoras do Girls Rock Camp Brasil, expõe: “A gente não é incentivada a tentar instrumentos como guitarra, baixo e bateria, acaba muitas vezes relegada a cantar ou tocar teclado, que seria uma coisa mais feminina. Aqui, a gente mostra que esse tipo de escolha não tem nada a ver com o sexo”.

“A gente não é incentivada a tentar instrumentos como guitarra, baixo e bateria, acaba muitas vezes relegada a cantar ou tocar teclado, que seria uma coisa mais feminina”.

Foto: Reprodução.

Flávia explica que a transformação das meninas participantes e até das voluntárias, após o contato com o projeto, é extremamente palpável: “Recebemos depoimentos o tempo todo de pais sobre como a experiência fez as meninas melhorarem na escola e fazerem amizades. E das voluntárias no sentido de tomarem coragem e acreditarem em si mesmas, na sua força, se livrarem de relacionamentos abusivos, trocarem de carreira profissional, entre outras coisas, o que torna nosso trabalho muito gratificante”.

O impacto de iniciativas para mulheres no rock

Hi Hat Girls. Foto: Reprodução.

Adrienne Reyes conta que, quando cantava em bandas de rock durante sua adolescência, conhecia somente duas outras garotas que estavam em bandas, ambas também vocalistas. Mas que, hoje em dia, ela tende a acreditar que o rock feminino está evoluindo positivamente e que estamos caminhando para uma melhora. “Eu acho que projetos como o High Hat Girls e o Girls Rock Camp, que aproximam as mulheres da música e dos instrumentos, refletem muito nisso. Eu lembro que a Flávia me contou que, mesmo meninas que passaram pelo acampamento de férias e que não seguiram tocando instrumentos, [o projeto] mudou muito a maneira como elas se posicionavam na vida. Então, mesmo que o estudo do instrumento não siga, a mudança interna da pessoa segue devido àquela experiência que ela teve com o instrumento musical. Isso também é importante, porque é um superpoder que a pessoa está colocando no mundo a partir de um instrumento. Então eu acho que isso conta bastante nesse processo”, explica.

Em relação à luta feminina na música hoje em dia e o crescimento das bandas compostas e lideradas por mulheres, Prika, vocalista da banda brasileira Lâmina, disse em entrevista à Crush Em Hi-Fi, em 2017: “Hoje em dia, temos muita banda com mulheres. Lá atrás, quando comecei, tinha bastante banda, mas sempre as mesmas. Hoje a gente faz festival e dá uma super diversificada no line up, isso é incrível. Muita menina tocando e aprendendo a tocar. Hoje em dia tem o Girls Rock Camp também, que faz esse movimento se fortalecer e tanto voluntárias quanto campistas se empoderarem”.

Iniciativa Hi Hat Girls. Foto: Reprodução.

Em relação ao machismo ainda presente no meio e em festivais mistos, ela assegurou: “O rock é mega machista, começando no rótulo de colocar mulher como groupie. Mas tamo aí sempre mostrando que a mulher pode ser protagonista da história e que a música não é esse bicho de 7 cabeças. É foda ser chamada pra evento e se tem banda de cara, ter que estudar as outras bandas e o público, porque a gente não quer ir em lugar pra passar raiva e ser a minoria que é apedrejada e sacaneada, sabe. Acho super válido tocar em festivais que não sejam só de minas, mas a gente sabe que tem rolês que pode ser que vá pra passar dor de cabeça”.

“O rock é mega machista”

Cartaz do Festival Ladyfest de 2013. Foto: Reprodução.

Elisa Gargiulo, fundadora da banda de Riot Grrrl Dominatrix, organizou seis edições do festival nacional LadyFest, destinado à cultura feminina. Em entrevista com a revista Trip em 2013, Elisa garantiu: “A importância dessa festa é que ela divulga cultura feminista autogestionada. E a função da cultura feminista, assim como das Marchas das Vadias, é demonstrar um estilo de vida pra fora do patriarcado, rompendo com mitos como a rivalidade entre mulheres, o clássico ‘mulher não sabe tocar instrumentos’, entre outras babaquices. A grande mídia e as corporações oferecem apenas um estilo de vida pras mulheres (e exclui da categoria ‘mulheres’ as de pele negra, as trans, as lésbicas etc). Eventos culturais feministas provam que existem milhões de mulheres ao redor do mundo vivendo experiências felizes e inspiradoras pra fora dessa lógica capitalista patriarcal”.

Cartaz do Festival Lady Fest 2010. Foto: Reprodução.

Mas como isso funciona na prática?

De todo modo, quando consideramos eventos mistos, os números ainda não são agradáveis. De acordo com um estudo realizado pela União Brasileira de Compositores (UBC), que analisou 17 dos principais eventos nacionais de música, a disparidade entre homens e mulheres nos lineups dos maiores festivais do Brasil ainda é enorme: a grande maioria tem predomínio masculino, e, em 2019, só 17,6% dos festivais analisados tiveram mais de 50% de atrações femininas. No Rock in Rio, por exemplo, só 25% das atrações do Palco Mundo eram mulheres. No Lollapalooza, em São Paulo, apenas 8% dos artistas do lineup que tocaram no Palco Budweiser eram do sexo feminino. E no João Rock, em Ribeirão Preto, o número é ainda pior: de 23 atrações, somente uma era mulher, simbolizando meros 4% dos artistas convidados para o evento.

Capa do relatório de 2021 da UBC. Foto: Reprodução.

“Essas organizações fizeram pesquisas bem específicas sobre a participação da mulher na música no Brasil, e ali saíram resultados muito interessantes, até de quais são as coisas que mais impactam a carreira delas na música. E um dos resultados que saiu foi justamente o assédio moral e o assédio sexual. Isso impede as mulheres de continuarem nesse nicho, o que é um problema social. E a UBC, que reparte os direitos autorais, descobriu que só 9% desses direitos foram distribuídos para artistas mulheres [em 2020]. Então, 91% ainda é dos caras”, explica Adrienne Reyes.

Ela acrescenta: “Tem uma pesquisa da Tabatha Arruda [proprietária da plataforma Ouça Música Independente], na qual ela mapeou festivais, que são de rock também, e descobriu que a participação das mulheres nesses eventos é de menos de 20%. Então, a gente já vê por esses estudos que a coisa segue feia. Tem muita coisa acontecendo que não está tanto nos holofotes, e talvez não esteja num futuro próximo, mas que mostra que há muita mobilização”.

A partir do artigo publicado por Tabatha Arruda, que estudou o lineup de 76 eventos brasileiros entre 2016 e 2018, é possível perceber a alarmante e resistente diferença de presença dos gêneros nos festivais de música. Enquanto o Popload Festival teve 44% de presença feminina, o Goiânia Noise e o Abril Pro Rock tiveram 0%, e o Porão do Rock, 2%. Isso significa que ainda temos muito o que trabalhar na questão de tornar os eventos de música no Brasil — e no mundo — realmente mistos ou balanceados.

Lineup do Festival Popload de 2019. Foto: Reprodução..

Em relação ao crescimento do número de mulheres em posições de produção e participação ativa na música, Adrienne coloca: “Eu acho que isso está crescendo, mas é muito tímido. No relatório anual da UBC, a gente teve uma queda na arrecadação. Teve um problema durante a pandemia no arrecadamento de direitos autorais pelas musicistas. Agora, quanto mais eu atuo no mercado, mais eu vejo mulheres. Eu não conhecia mulheres roadies, por exemplo, e agora eu conheço. Eu perdi as contas de quantas mulheres bateristas eu conheço. Tem muitos projetos colocados na rua por mulheres. Quando a gente começa a olhar, a gente vê que tem muitas. Então, eu acho que sim, há um crescimento tímido nessa participação. E eu acho que projetos como o Hi Hat Girls e o Girls Rock Camp, que aproximam as mulheres da música, dos instrumentos, refletem muito nisso”.

“Tem muitos projetos colocados na rua por mulheres”.

Girls Rock Camp. Foto: Reprodução.

Rafael Luna, guitarrista da The Zasters, também expôs sua opinião em relação à melhora do número de mulheres na música. Quando indagado se achava que o rock feminino está crescendo e sendo mais respeitado atualmente, ele explicou: “Eu acho que sim, mas eu não acho que esse ano está muito melhor que o ano passado. Eu acho que 10 anos atrás era muito pior, e daqui 10 anos vai ser muito melhor. Saiu uma notícia recentemente que as guitarras vendidas pela Fender nos últimos 2 anos foram compradas por mais mulheres do que homens. E isso é legal para caramba. Mas compensa alguma coisa? Ainda não, está muito longe. Em festival, se você pegar o número de mulheres do lineup e de homens, é muito discrepante. Quando a gente chega num lugar para tocar, é muito diferente o tratamento que eu recebo e o que as minhas colegas de banda recebem. E eu tenho impressão que o tratamento que eu recebo e o que um cara de uma banda só de homens recebe também é diferente”.

“Eu acho que 10 anos atrás era muito pior, e daqui 10 anos vai ser muito melhor.”.

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