O presente é feminino!

por Catharina Gaidzinski

COMPARTILHE

Foto: Reprodução.

Hey, garota do rock! Aqui, você encontra uma lista de artistas e bandas brasileiras femininas ou lideradas por mulheres para a gente continuar se apoiando e conhecendo mais sobre o rock feminino no Brasil.

Afinal, ao conhecer mais mulheres como a gente, reunindo referências e conexões, podemos potencializar nossa luta, tanto interna quanto coletiva, né? 🙂

Foto: Reprodução.

Confira abaixo bandas e artistas que você precisa conhecer e seguir:

Pink Roof é um trio feminino criado no Rio de Janeiro em 2019, que, segundo a revista de música Keeping Track, é uma das grandes promessas do rock brasileiro atual. O grupo, que aposta em canções em inglês, é formado por Isabela Lorio (vocal e guitarra), Carol Rezende (bateria) e Giulia Brandão (baixo). Segundo a KT, as meninas “unem forças de forma surpreendente e ambiciosa com o objetivo de elevar ainda mais a presença feminina dentro do rock”.

As garotas quebram tudo mesmo e suas principais influências são o rock moderno e clássico. O single “Jealous”, de 2020, teve clipe gravado durante a pandemia e aborda a temática de relacionamentos abusivos numa espécie de rock alternativo sensual, com guitarras super gostosas de escutar (e até, quem sabe, fazer um bate cabeça digno de mosh, principalmente na hora do solo final).

O vocal super melódico e meio rouco de Isabela é extremamente agradável aos ouvidos, e a música conta com uma letra que realmente fica na cabeça, como no refrão “Don’t you make me lose my mind tonight”. Segundo a vocalista e guitarrista, em entrevista para a TMDQA em 2020, “A música é sobre um relacionamento caótico que é tóxico dos dois lados, sem distinção. São duas pessoas que, apesar de se amarem, constantemente fazem mal uma para a outra e, no entanto, não conseguem viver separadas”.

A banda PUTZ também é novata na cena do rock brasileiro, e lançou seu primeiro single, “Vou Cair”, em 2019. O grupo é liderado por Giovanna Zambianchi, vocalista e guitarrista, e conta com Cyro Sampaio (Menores Atos) na outra guitarra, Antonio Fermentão (Corona Kings) na bateria e Sarah Caseiro (Siete Armas) no baixo.

O som da banda é uma mistura de pop punk, grunge, indie e rock alternativo As letras, em português, falam, principalmente, sobre relações amorosas e identidade pessoal. O novo lançamento “quando saio de mim”, assim, em letras minúsculas mesmo, é uma das minhas músicas favoritas do grupo.

Quem nunca ouviu falar de Far From Alaska, que atire a primeira pedra! O grupo, liderado por Emmily Barreto, já é grande sucesso do rock brasileiro atual. Fundado em 2012, em Natal, no Rio Grande do Norte, conta com um som bem eletrizante e viciante, com influências de stoner rock, rock clássico e grunge dos anos 90. Em 2015, a banda foi atração do Lollapalooza Brasil.

O vocal rasgado de Emmily tem um timbre bem interessante e nunca falha nos gritos furiosos. Já o instrumental é repleto de riffs pesadíssimos bem trabalhados e de uma batida super marcante. Por isso, talvez, é que a banda faça sucesso até lá fora, tendo inclusive produzido o álbum “Unlikely” (de 2017) nos Estados Unidos, com a produtora gringa Silvia Massy, responsável por sucessos de bandas como System Of A Down, Tool e Johnny Cash.

As músicas “Cobra” e “Coruja”, do álbum “Unlikely” (que reúne somente canções intituladas a partir de nomes de animais), resumem bem o som da banda: animal. “Dino vs Dino”, desta vez, do primeiro álbum do grupo, de 2014, “Modehuman”, é outro sucesso de alta relevância para o rock brasileiro atual. Em 2020, o Far From Alaska fez uma parceria com a Fresno e lançou a música em português “Eva”.

Charlotte Matou Um Cara é uma das bandas de Riot Grrrl atuais do Brasil. O grupo foi formado em 2015 em São Paulo por Andrea (vocal), Dori (bateria), Camis (baixo) e Nina (guitarra), e uma das suas maiores influências é o movimento punk feminista dos anos 90. O nome “Charlotte Matou um Cara” é uma referência à Charlotte Corday, assassina do jornalista jacobino Jean-Paul Marat, que diz que cometeu o crime para salvar a vida de inocentes durante a Revolução Francesa.

O som da banda pode ser resumido em duas palavras: punk cru. Esse “soco na cara”, como bem caracterizado por Andrea, possui um vocal gritado, riffs rápidos e agressivos e uma bateria quase hiperativa. Além disso, as músicas, sempre curtinhas, carregam mensagens de militância bem claras e diretas, que criticam, principalmente, o machismo, o patriarcado, a violência policial, a homofobia e a opressão ao corpo feminino na nossa sociedade. A música “Não Aceito”, que introduz uma fala extremamente misógina no começo, resume bem o som e o grito de resistência da banda.

Além disso, as garotas não falham em homenagear ícones do movimento Riot Grrrl, como o Bikini Kill, com covers de respeito, como na coletânea Insubmissas, lançada pela Hérnia de Discos em 2018.

Nervosa é, indiscutivelmente, uma das bandas brasileiras que mais está fazendo sucesso ao redor do mundo nos dias de hoje. O quarteto feminino de thrash metal foi formado em 2010 por Prika Amaral (guitarra), Fernanda Terra (bateria), Karen Ramos (segunda guitarra) e Fernanda Lira (baixo e vocal), mas já passou por diversas mudanças em sua formação. Atualmente, o grupo conta com Diva Satanica nos vocais, Prika na guitarra, Mia Wallace no baixo e Eleni Nota na bateria.

As letras da Nervosa geralmente discutem problemas sociais brasileiros, como a corrupção, o machismo e o feminicídio, — um belo exemplo disso é a música “Cultura do Estupro”, em português mesmo — e suas principais influências musicais são bandas como Suicidal Tendencies, Sepultura e Slayer. Atualmente, a Nervosa é assinada pela gravadora Napalm Records, que produziu outras bandas bem grandes do gênero, como Jinjer (também liderada por uma mulher), Powerwolf e Alestorm.

Nervosa se apresentou no Rock In Rio de 2019 e já fez, inclusive, turnês internacionais. A relevância da banda para o cenário do rock feminino global, em especial o metal, é indubitável, mesmo para quem não curte tanto o som mais pesado e com vocal gutural. Afinal, a Nervosa é um dos poucos grupos femininos que pode dizer, com orgulho, que sobreviveu (e até superou, com grande sucesso) essa cena tão machista, atraindo milhares de fãs, tanto homens quanto mulheres, a deixarem de lado o preconceito. Para quem ainda não conhece, recomendo os sons “Death!”, “Hostages” e “Under Ruins”.

Violet Soda é uma banda paulistana que, segundo a TMDQA, está “impulsionando uma revolução nada silenciosa no rock nacional”. Formado em 2018, o grupo conta com a santista Karen Dió nos vocais e na guitarra, Murilo Benites (Corona Kings) também na guitarra, Tuti AC (Medulla) no baixo e André Dea (Sugar Kane e Supercombo) na bateria.

A banda não falha em retomar a estética e a musicalidade do grunge de garagem dos anos 90, por mais que essa descrição seja rasa demais para caracterizar toda a mistura de sons que a Violet Soda traz ao cenário nacional. Entre as principais influências da líder, Karen, estão Nirvana, Foo Fighters, Weezer, Avril Lavigne e Pitty. Entre o punk, o grunge, o rock alternativo e o indie, a banda cria um som bem característico, movido a riffs poderosos, uma batida marcante e um vocal rasgado, bem prazeroso de ouvir.

Segundo uma matéria da Rolling Stone Brasil de 2019, Karen é uma verdadeira Riot Grrrl. “Sou muito ‘do it youself’”, ela comenta na entrevista para a revista. A potência e coragem da líder deixam claro que a banda tem muito a agregar para o rock feminino nacional.

Pessoalmente, a Violet Soda é uma das minhas favoritas do cenário musical brasileiro. Diversas vezes já me peguei cantando o refrão “Sweet little tangerine, nobody cares about you”, da música “Tangerine”, em casa sozinha. Recentemente, a banda lançou um álbum no estilo acústico, intitulado de Unplugged.

Você pode conferir a entrevista com a Karen clicando aqui.

The Mönic é um grupo formado em 2018 por garotas veteranas da cena do rock brasileiro, que faziam parte da antiga BBGG, banda de grande sucesso da cena independente que abriu para o show do Garbage no Brasil em 2016.

A composição original da The Mönic contava só com mulheres: Dani Buarque nos vocais e guitarra, Ale Labelle também nos vocais e guitarra, Joan Bedin nos vocais e baixo e Daniely Simões na bateria. Mas, em 2021, Daniely foi substituída pelo baterista Thiago Coiote.

A banda de rock alternativo “de garagem” traz guitarras distorcidas e um peso bem caracterizado pelo baixo e pela bateria marcante, além de vocal melódico e gritado. The Mönic, mesmo com tão pouco tempo de estrada, já se apresentou no Festival Oxigênio e na Virada Cultural de São Paulo.

Em 2019, o grupo lançou seu primeiro álbum de estúdio, intitulado de “Deus Picio”, que mistura letras em inglês e em português, e participou da iniciativa “Escuta As Minas”, do Spotify Brasil. Em 2020, a banda lançou o EP acústico “Refúgio”, com uma estética do it yourself, bem característica do movimento punk Riot Grrrl e, claro, da pandemia. Este ano, antes da mudança na formação, a banda apostou no single “Andy & I” (composto em 2019) — cujo clipe apresenta uma estética de sororidade entre mulheres e fala sobre se divertir no caminho da procura por felicidade e sucesso — e num feat. com a banda paulista The Zasters, intitulado de “Bittersweet”.

Você pode conferir as entrevistas com a Jules e Rafa, ambos da The Zasters, clicando aqui.

A banda Miami Tiger foi formada em 2015, em São Paulo, e conta com Carox Gonçalves nos vocais e na liderança, Pha Bemol e Henrique Almeida nas guitarras, André Oliveira no baixo e Rodrigo Montorsona bateria. O grupo lançou seu primeiro EP, produzido pelo Estúdio Costella e intitulado de “Amblose”, em 2016.

Carox, além de liderar o grupo, é feminista assumida, mãe da Lana e, atualmente, produtora musical no El Rocha Records. A Miami Tiger aposta em um som bem característico de hard rock com uma pegada indie, cheio de gingado, e com letras em português que protestam e abordam pautas latentes como machismo e racismo. A música “Meu Lugar”, de 2016, critica o papel da mulher na sociedade e fala sobre violência de gênero, feminicídio, relações abusivas e sororidade feminina. Além disso, o clipe traz imagens de diversas mulheres segurando placas em frente aos seios desnudos com mensagens potentes e extremamente relevantes, como a #NãoEstouSozinha.

A Mulamba é uma banda de Curitiba formada em 2015, que se orgulha em ter uma equipe formada só de mulheres, incluindo roadies, equipe de produção e integrantes, que são: Amanda Pacífico (vocais), Cacau de Sá (vocais), Érica Silva (guitarra, baixo, violão), Naíra Debértolis (guitarra, baixo, violão), Caro Pisco (bateria) e Fer Koppe (violoncelo). O grupo traz à tona uma sonoridade bem diferente, que mistura a música brasileira (como o MPB, o samba e o funk) com gêneros internacionais, como o blues, o heavy metal e o hard rock.

Suas músicas, todas em português, abordam temáticas bem pertinentes como violência policial e contra mulher, machismo, relações LGBTQIA +, racismo, igualdade de gênero e empoderamento feminino. A banda foi muito influenciada por ícones do rock brasileiro feminino como Cássia Eller, Rita Lee, Elis Regina e Gal Costa, e usa sua arte para lutar pelas minorias. A música “Mulamba” retrata a força e a resistência feminina ao longo da história brasileira contra os estereótipos de gênero e beleza na nossa sociedade, como no verso: “Eu sou a puta, sou a santa e a banida. Sou a bravura e os surtos de Anita Garibaldi”.

De acordo com a Revista Rolling Stone em 2020, “Ser uma banda formada inteiramente por mulheres, de todas as cores e formas, com uma equipe completamente feminina é um ato político em meio à sociedade supremacista masculina e branca”. Quando questionada, na entrevista à revista, sobre o nome da banda, Érica explicou: “Mulamba é uma palavra de origem angolana e significa uma pessoa suja e marginalizada. Basicamente, essa banda de mulheres quer abraçar todas as variadas formas existentes de ser mulher, não só aquela forma diva, deusa pop, que a gente conhece, e é massa, mas não é a única nuance sobre o que é ser mulher nesse mundo tão cruel.” Ou seja, além de potencializarem, através da música, a luta pelo direito das mulheres, as garotas da Mulamba também trazem a ideia de que todas as mulheres merecem respeito, voz e protagonismo, independente de sua raça, idade ou tamanho.

Também se afastando um pouco mais do rock pesado, a brasileira Mallu Magalhães faz sucesso desde a época do Myspace. Misturando um som mais pop, meloso e romântico, com influências claras de blues, MPB, samba, folk e até uma pegada de Rita Lee, não deixa de ser uma inspiração para o rock brasileiro feminino. Afinal, Mallu, além de cantora, é compositora e multi instrumentista autodidata. O som “Velha e Louca” é um dos seus maiores sucessos, que fala sobre amadurecimento, independência e identidade. Em “América Latina”, de 2021, Mallu traz uma discussão sobre sobre brasilidade, maternidade e feminilidade.

Hoje em dia, Mallu tem 29 anos, está trabalhando no seu quinto álbum de estúdio, intitulado de “Esperança”, e é mãe da Luísa, de cinco anos, para quem compôs a música “Deixa a Menina”. Atualmente, ela mora em Lisboa com o marido e a filha, e equilibra o dia a dia de produção musical e composição com a maternidade.

E, claro, não podemos esquecer delas: as minas que fizeram história no rock brasileiro desde o início e abriram tantas portas para as garotas de hoje. Por mais que todo mundo já conheça, não podia deixar de mencionar:

E aí, já deu vontade de empunhar uma guitarra e sair berrando nos microfones alheios? <3

Ei, fale conosco!

Você pode nos indicar uma música ou banda, relatar vivências e até desabafar sobre o que quiser. Ficaremos super felizes de te conhecer!

Leia também